Danuza Leão
Jornalista e escritora
Adoro ler, e leio qualquer coisa que chegue às minhas mãos, de bula de remédio a dicionário, é uma mania. Mesmo na infância, não brincava de boneca nem de casinha, mas devorava revistas em quadrinhos e livros. Só queria ficar no quarto lendo, lendo, lendo..
Suas leituras nunca seguiram um critério, conforme esclarece:
Se um amigo que me conhece bem indica um livro, vou lá e compro, e se encontrar um largado num avião também leio inteiro. E não me guio muito pela lista dos mais vendidos. Sou uma anarquista mental. Tudo que aprendi foi vivendo, e acho que tive uma vida muito rica. Aos 16 anos, meus amigos de todo dia eram Di Cavalcanti, Vinicius de Moraes e Rubem Braga. Foi através do convívio com pessoas excepcionais como eles que aprendi as coisas. Não saberia explicar os livros que li e a razão pela qual alguns me impressionaram mais. Que me desculpem os literatos, mas para mim ou um livro é bom ou não [...].
Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura em 2004.
O início
Como a Danuza Leão comenta no texto acima, sou do tipo que lê de tudo. De bula de remédio ao modo de usar de produtos de limpeza.... Essa grande viagem teve início lá na minha infância quando via minha mãe sempre lendo. Com ela aprendi a ler gibis, fotonovelas e evolui para os livros. Lembro-me de como ela comentava sobre os livros que estava lendo e como falava deles como se fossem seus amigos íntimos. Comentou com muito carinho sobre "As sandálias do pescador" e do "Velho e o mar". Nunca esquecerei. Mas, naquele tempo, comprar livros não era prioridade nas famílias e os livros que ela lia sempre eram emprestados ou trocados com suas amigas. Livro era raridade.... Lá pela 5ª. ou 6ª. série uma amiga me disse que seu pai iria jogar vários livros fora e me perguntou se eu não os queria. Claro que eu quis, afinal dali para frente eles seriam 'meus livros'. Desse dia em diante, ficava na calçadinha embaixo da janela lendo em voz alta, para mim mesma sobre leninismo, marxismo e os benefícios do comunismo. Estávamos em plena ditadura militar e eu nem sabia (sorte que os militares também não sabiam da minha existência). Lá pelos quatorze ou quinze anos uma vizinha me pediu para ajudar sua filhinha a estudar (antiga forma de reforço escolar) e como ela gostava de ler sempre me emprestava um livro. Desta maneira conheci "Mulheres apaixonadas" de D. H. Lawrence. Tentei por diversas vezes mas o livro não me conquistava. Era muito cheio de detalhes, que hoje sei serem realistas mas que na época não fazia a menor ideia do que tratava.Depois de muita briga entre mim e o autor ele me venceu: li o livro para provar a mim mesma de que era capaz. Da história não lembro nada mas a personagem principal "Gudrun" nunca mais foi esquecida. Vieram muitos outros amigos: As aventuras de Tom Sawyer; As aventuras de Huckberry Finn; romances, ficção, drama, aventura, poemas, poesias obras perfeitas; perfeitas bobagens, etc. Um dia conversando com minha filha, resolvemos criar uma lista para anotarmos o que já lemos: muitos livros e espero que isso continue por muito tempo. Mas não posso deixar de falar que um dos livros mais lindos que li me foi apresentado por uma aluna há alguns anos atrás: "A menina que roubava livros". Já li muita coisa, já me emocionei, já me indignei mas ler este livro em particular foi um encontro com um sentimento marcante: a falta de alguma coisa que eu não sei o que é, mas que está lá em algum lugar, palpável, esperando por mim....
Professores, o layout está suave, bonito e chamativo. Parabéns, só senti falta dos depoimentos de leitura... Ainda espero ler os depoimentos nesse espaço, conforme solicita a atividade.
ResponderExcluirAbraço,
Ademilde
Ademilde, boa noite! Por falha minha esqueci de postar o e-mail para que as meninas pudessem postar mas, já corrigi a falha. Acredito que todas postarão em breve. Abraços
ExcluirCélia