sábado, 22 de junho de 2013

ATIVIDADE DE LEITURA -"AVESTRUZ"- Ana Paula Viana Costa

Objetivos:

* Ler e compreender a crônica "Avestruz",  de Mário Prata;

* Perceber e discutir as características do gênero;

* Desenvolver comportamentos leitor;

* Saber quem foi Mário Prata: época, obra e importância para a Literatura brasileira;

Conteúdos:

Biografia de Mário Prata;

* Leitura e análise do texto;

Séries envolvidas:

* alunos do 6º ano;

Atividades Propostas:

* Antecipação da Leitura;

1- Vocês conhecem uma avestruz?

2- Como vocês imaginam que seja?

3- Leitura compartilhada.

Questões propostas durante a leitura:

1-Uma avestruz pode ser criada num apartamento?

2- Quais animais podem ser domesticados?

Questões propostas após a leitura:

1- Represente uma avestruz através de desenho, observando as características descritas pelo narrador.

2- Qual o significado de "asas atrofiadas" ? Pesquise e compare com as ideias usadas pelo narrador no texto.

3- Qual explicação dada pelo narrador para o nome oficial Struthio Camelus Australis ?

4- Avestruz tem "TPM? Você conhece o sentido da sigla, de acordo com as informações do texto?

5-Como desfecho da situação, o narrador recomenda uma visita do garoto ao psicólogo. Vocês sabem quais atividades são realizadas por tal profissional?

6- Qual o foco narrativo do texto?

7- Qual gênero textual pertence o texto Avestruz?

8- Quais características do texto comprovam sua resposta anterior?

9- Qual o conflito vivido pelo personagem do texto?

10- Leiam um trecho do texto de que tenham gostado , em duplas, copiem numa tira de papel . embaixo da cópia, escrevam uma justificativa para a escolha. Depois, cada dupla lê para os demais colegas o trecho escolhido e os motivos da escolha. Em seguida, afixem a tira no mural reservado para a atividade.

Avaliação

Participação no trabalho de linguagem oral desenvolvidas durante a leitura e na execução das atividades em duplas. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

ATIVIDADE DE LEITURA




Texto – “Meu primeiro beijo”
Autor: Antonio Barreto



O que se espera de um texto com o título “Meu primeiro beijo?”
Quem podem ser as personagens?
Quem conta a história?
Esta história é real ou ficcional?
LEITURA DO TEXTO: “Meu primeiro beijo”

ESTRATÉGIAS
1 – Ativação de conhecimentos de mundo; antecipação ou predição; checagem de hipóteses.
2 – Localização de informações; comparação de informações; generealizações.
3 – Produção de inferências locais; produção de inferências globais.
4 – Recuperação do contexto de produção; definição de finalidades e metas da atividade da leitura.

HABILIDADES:
Levantamento do conhecimento prévio do assunto.
Antecipação do tema ou ideia principal a partir de elementos paratextuais, como título, subtítulo, epígrafe, prefácio, sumários.
Confirmação ou retificação das antecipações.
Localização ou construção do tema ou ideia principal
Esclarecimento de palavras desconhecidas a partir de inferência ou consulta a dicionário.
Recuperação do contexto de produção: definição de finalidade e metas da atividade de leitura.
Troca de impressões a respeito do texto lido.

É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
* O que você acha que vai acontecer agora?
  Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:
  " Você é a glicose do meu metabolismo.
  Te amo muito!
  Paracelso"
  E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso.   Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher...E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.
*Quem conta a história? O texto está em 1ª. ou 3ª. pessoa?
A personagem que narra é masculina ou feminina? Justifique de acordo com o texto.
*Por que a personagem tem o apelido de “Cultura Inútil”?
No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:
  - Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
  Mas ele continuou:
  - Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:
  - A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...
*Por que a menina fez cara de desentendida?
*Pelo contexto, o que você imagina ser “perdigoto”?
  o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.
  E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.
  Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por vária semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!
(BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6).
*As suas impressões e hipóteses foram confirmadas?
*As sensações vividas pela personagem são as mesmas vividas por outras pessoas?
*O final foi o que você imaginou?

GRUPO
Célia Portella Souza – E. E. Alfredo Roberto
Clarissa Biazuzo Ramos – E. E. Batista Renzi
Elizete Teresila Soares Simões – E. E. Antônio Rodrigues de Almeida
Maria de Lourdes Bim Lessa – E. E. Vereador Antônio Valdemar Galo
Renata de Paula – E. E. Antônio Brasílio Menezes da Fonseca



segunda-feira, 17 de junho de 2013

Oficina de Leitura- Modelo de Noemi Oliveira da Silva

Meu Primeiro Beijo- Antonio Barreto
É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim... Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos: "Você é a glicose do meu metabolismo. Te amo muito! Paracelso" E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher... E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar. No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo: - Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida. Mas ele continuou: - Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos: - A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias... Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos. E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por várias semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!
BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.
Extraído de http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22430
Situação de aprendizagem: Oficina de Leitura baseada no conto "Meu primeiro beijo", de Antonio Barreto.
Descrição: Segundo a proposta de Vinson e Privat, o importante é um projeto de construção livre, criativa e autônoma. O texto de Antonio Barreto, Meu primeiro beijo, é um assunto atrativo aos adolescentes, pois muitos deles têm experiências semelhantes ou mesmo que não tenham, é um assunto que prende a atenção quando discutido.
Objetivo: Contribuir para a formação dos alunos despertando o interesse e gosto pela leitura na escola e fora dela; Criar o hábito da leitura; Aproximar o aluno dos textos e torná- los familiares.
Metodologia: Intervenções do professor para inserir intertextualidade com a matéria de ciências, propondo interpretação da expressão: "você é a glicose do meu metabolismo"
Questão Proposta: O que vocês acham que o autor quis dizer com essa expressão? "Mas continuou salivando seus perdigotos“ Instigar conhecimento prévio dos alunos, quesito que é essencial para o desenvolvimento das produções;  Questionar o significado de palavras desconhecidas, mostrando ao aluno que mesmo quando não se sabe o significado de uma palavra, é possível ter uma ideia a partir do contexto.
Incentivo ao interacionismo intersubjetivo: Proposta de criação de texto seguindo assunto "Meu primeiro beijo", criando personagem fictício e adaptando o ambiente de convivência do aluno. Ex: escola, parque, praça, etc.
Proposta de produção em grupos de no máximo 4 alunos, ainda seguindo o tema "meu primeiro beijo", incentivando o uso de metáforas, como a utilizada por Antonio Barreto. Criar um personagem, desenvolvendo em grupo, com uso de imaginação, a situação do primeiro beijo e contar a história produzida à sala.
Habilidades Trabalhadas: Socialização, leitura, escrita, expressão oral e imaginação conjunta.
Recursos Didáticos: Caderno de registro do aluno; Organização da sala em roda para viabilizar leitura conjunta; Distribuição do conto a ser trabalhado impresso a cada grupo; Explicar aos alunos a atividade a ser realizada com o conto e suas finalidades.
Avaliação: Para verificar o desempenho dos alunos, será considerado o envolvimento de cada aluno nas atividades individuais e coletivas. Observação: Este plano é flexível.

domingo, 9 de junho de 2013

Ler é abrir os olhos  da alma para a vida.

Percebi, com os relatos aqui expostos por todos nós, cursistas, o quanto são emocionados e emocionantes, acredito que sempre ,pois somos assim emocionáveis, então devido a estas emoções e buscas de experiências lembrei-me de um aluno do EJA , Sr º Joaquim, que quando numa noite quente de 2008,creio ser este o ano, conseguiu com auxílio meu e dos colegas da sala criar, ler e entender um texto que conseguiu escrever e ler para a sala, explicando seu conteúdo as lágrimas na face daquele senhor de 58 anos, solitário , rude pela vida e simples pela “ignorância de conhecimentos”,fez a mim e todos os 28 anos da sala também chorarmos, com o homem que dizia sentir-se um menino descobrindo o mundo.
Esta e muitas outras experiências e descobertas de leitura é que nos “encantam”, a busca de conhecimentos como citam Gabriel Pensador e Gilberto Gil em seus depoimentos também me colocam neste mundo de descobertas, pois por mais que leiamos ou saibamos sempre encontraremos algo mais interessante e  melhor  para lermos,por estas e muitas outras é que LER é mais que “ver” letras , como disse meu aluno ao final daquele ano.
“Professora, agora eu não preciso mais perguntar qual é o ônibus, eu já sei ler”, agora me sinto de verdade alguém, precisava disso, me sentia sozinho, agora leio a Bíblia, nas horas de solidão. Estas palavras me emocionaram muito na festa de formatura, isto sim me deixou muito feliz.
Portanto, a leitura mostra-nos diariamente que a busca do conhecimento se faz muito mais pela necessidade, persistência do que pela imposição bastando a nós educadores,   apresentarmos os variados estilos, tipos, gêneros textuais que por si o educando fará suas escolhas de estilos. Descobrindo outros caminhos para sua busca pessoal, pois se até nas tragédias encontramos satisfações de leitura, imaginem então se o estímulo para a leitura chegar a mais, o educando também chegará e como me fez entender o Sr º Joaquim, que abriu os olhos da alma para o mundo.
Autoria: Carmen Pereira Lima
 E.E. Anderson da Silva Soares.

sábado, 8 de junho de 2013

Práticas de Leitura- Por Ana Paula







  A leitura como uma atividade de compreensão que implica a construção de uma representação coerente de informação de um texto escrito, com certeza trata-se de um saber que a escola deve ensinar e aproveitar o conhecimento prévio que o aluno traz. A internet é um recurso atual e extremamente necessário, é viável a construção de um blog que possa inserir conteúdos, pesquisas, leituras sugestivas, textos, atividades contextualizadas, que estabeleçam uma estratégia de leitura que favoreça o aprendizado. 

A compreensão da leitura. Por Ana Paula




A leitura é uma atividade de compreensão que implica a construção coerente da informação de um texto escrito. A leitura é, ao lado da escrita, objeto privilegiado no ensino da Língua Portuguesa, em função do qual os saberes até então ensinados pela escola ganham novos significados. Além disso, a leitura é considerada um saber essencial. A tarefa de ensinar leitura é de todas as áreas de conhecimento, processo no qual a intervenção docente torna-se indispensável.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Ler é Viver!

Caros leitores, quem vos relata é a professora de Língua Portuguesa e Pedagoga Noemi. Hoje escrevi um texto de acordo com a proposta do curso Melhor Gestão, Melhor Ensino, e vi nele uma boa obra para minha primeira publicação no blog. Espero que vocês também partilhem do mesmo gosto.



Eu sempre gostei de ler, mas lia textos pequenos dos livros didáticos porque minha mãe não tinha condições de comprar livros para mim e meus oito irmãos. Naquele tempo não tínhamos a facilidade que os jovens têm hoje nas escolas públicas, pois hoje o Governo dá livros.
         Comecei a ler com ênfase quando, aos meus doze anos de idade, meu pai saiu de casa, então encontrei na leitura uma fuga da triste realidade.
         Li quase todas as obras de José de Alencar, pegava emprestado na biblioteca e foi assim que consegui superar a tristeza de não ter um pai presente na minha adolescência.
         A esperança que vive dentro de cada um de nós sempre nos faz ver um lado positivo mesmo na maior das adversidades: me apaixonei pela leitura.
         Para mim a leitura é o caminho que percorremos livremente. Ela nos faz conhecer o desconhecido; é a cura da alma e amiga na solidão. Como citou a professora Marilena Chauí: "Ler é suspender a passagem do tempo: para o leitor, os escritores passados se tornam presentes, os escritores presentes dialogam com o passado e anunciam o futuro."
         Antônio Cândido também cita que a leitura nos afina as emoções e nos dá a capacidade de penetrar nos problemas da vida (...). Eu acredito também desta forma, não da boca para fora, mas por ter vivenciado esta experiência e ainda vivenciar. Encontrei na leitura a maneira de superar a tristeza, a solidão, a depressão. Encontrei na leitura uma amiga para todas as horas, uma forma de me transportar a outros mundos e outras culturas, a leitura me transformou e foi justamente pelo gosto pela leitura que tomei a decisão de ser uma educadora, e poder incentivar meus alunos a encontrar também na leitura uma boa companhia  e mostrar a eles o que outrora disse José de Moraes: "As capacidades de leitura e escrita estão na raiz do conhecimento. Onde são adquiridas? Na escola."

Aprender a pensar é descobrir o olhar - por Marcia Tiburi


Gostaria de dividir com vocês a leitura deste texto de uma das pessoas que muito admiro. 
Ler os textos de Márcia Tiburi é um dos prazeres que acredito que devemos ter: para repensar, para nos abrirmos a novos horizontes. Boa leitura a todos! 
Abraços

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A diferença entre ver e olhar é tanto uma distinção semântica que se torna importante em nossos sofisticados jogos de linguagem tomados da tarefa de compreender a condição humana – e, nela, especialmente as artes –, quanto um lugar comum de nossa experiência. Basta pensar um pouco e a diferença das palavras, uma diferença de significantes, pode revelar uma diferença em nossos gestos, ações e comportamentos. Nossa cultura visual é vasta e rica, entretanto, estamos submetidos a um mundo de imagens que muitas vezes não entendemos e, por isso, podemos dizer que vemos e não vemos, olhamos e não olhamos. O tema ver-olhar – antigo como a filosofia e a arte – torna- se cada vez mais fundamental no mundo das artes e estas o território por excelência de seu exercício. Mas se as artes nos ensinam a ver – olhar, é porque nos possibilitam camuflagens e ocultamentos. Só podemos ver quando aprendemos que algo não está à mostra e podemos sabê-lo. Portanto, para ver olhar, é preciso pensar.
Ver está implicado ao sentido físico da visão. Costumamos, todavia, usar a expressão olhar para afirmar uma outra complexidade do ver. Quando chamo alguém para olhar algo espero dele uma atenção estética, demorada e contemplativa, enquanto ao esperar que alguém veja algo, a expectativa se dirige à visualização, ainda que curiosa, sem que se espere dele o aspecto contemplativo. Ver é reto, olhar é sinuoso. Ver é sintético, olhar é analítico. Ver é imediato, olhar é mediado. A imediaticidade do ver torna-o um evento objetivo. Vê-se um fantasma, mas não se olha um fantasma. Vemos televisão, enquanto olhamos uma paisagem, uma pintura.
A lentidão é do olhar, a rapidez é própria ao ver. O olhar é feito de mediações próprias à temporalidade. Ele sempre se dá no tempo, mesmo que nos remeta a um além do tempo. Ver, todavia, não nos dá a medida de nenhuma temporalidade, tal o modo instantâneo com que o realizamos. Ver não nos faz pensar, ver nos choca ou nem sequer nos atinge. As mediações do olhar, por sua vez, colocam-no no registro do corpo: no olhar – ao olhar - vejo algo, mas já vitimado por tudo o que atrapalha minha atenção retirando-a da espécie sintética do ver e registrando- a num gesto analítico que me faz passear por entre estilhaços e fragmentos a compor – em algum momento – um todo. O olhar mostra que não é fácil ver e que é preciso ver, ainda que pareça impossível, pois no olhar o objeto visto aparece em seus estilhaços de ser e só com muito custo é que se recupera para ele a síntese que nos possibilita reconstruir o objeto. É como se depois de ver fosse necessário olhar, para então, novamente ver. Há, assim, uma dinâmica, um movimento - podemos dizer - um ritmo em um processo de olhar-ver. Ver e olhar se complementam, são dois movimentos do mesmo gesto que envolve sensibilidade e atenção.
O olhar diz-nos que não temos o objeto e, todavia, nos dispõe no esforço de reconstituí-lo. O olhar nos faz perder o objeto que visto parecia capturado. Para que reconstituí-lo? Para realmente captura-lo. Mas essa captura que se dá no olhar é dialética: perder e reencontrar são os momentos tensos no jogo da visão. Há, entretanto, ainda outro motivo para buscar reconstruir o objeto do olhar: para não perder além do objeto, eu mesmo, que nasço, como sujeito, do objeto que contemplo – construo enquanto contemplo. Olhar é também uma questão de sobrevivência. Ver, por sua vez, nos liberta de saber e pode nos libertar de ser. Se o olhar precisa do pensamento e ver abdica dele, podemos dizer que o sujeito que olha existe, enquanto que o sujeito que vê, não necessariamente existe. Penso, logo existo: olho, logo existo. Eis uma formulação para nosso problema.
Mas se não existo pelo ver, não estou implicado por ele nem à vida, nem à morte. Ver nos distancia da morte, olhar nos relaciona a ela. O saber que advém do olhar é sempre uma informação sobre a morte. A morte é a imagem. A imagem é, antes, a morte. Ver não me diz nada sobre a morte, é apenas um primeiro momento. Ver é um nascimento, é primeiro. O olhar é a ruminação do ver: sua experiência alongada no tempo e no espaço e que, por isso, nos instaura em outra consistência de ser. Por isso, nossa cultura hipervisual dirige-se ao avanço das tecnologias do ver, mas não do olhar. É natural que venhamos a desenvolver uma relação de mercadoria com os objetos visualizáveis e visíveis. O olhar implica, de sua parte, o invisível do objeto: a coisa. Ele nos lança na experiência metafísica. Desarvoranos a perspectiva, perturba-nos. Por isso o evitamos. Todavia, ainda que a mediação implicada no olhar faça dele um acontecimento esparso, pois o olhar exige que se passeie na imagem e esse passear na imagem traça a correspondência ao que não é visto, é o olhar que nos devolve ao objeto – mas não nos devolve o objeto - não sem antes dar-nos sua presença angustiada.
O olhar está, em se tratando do uso filosófico do conceito, ligado à contemplação, termo que usamos para traduzir a expressão Theorein, o ato do pensamento de teor contemplativo, ou seja, o pensar que se dá no gesto primeiro da atenção às coisas até a visão das idéias tal como se vê na filosofia platônica. Paul Valéry disse que uma obra de arte deveria nos ensinar que não vimos aquilo que vemos. Que ver é não ver. Dirá Lacan: ver é perder. Perder algo do objeto, algo do que contemplamos, por que jamais podemos contemplar o todo. O que se mostra só se mostra por que não o vemos. Neste processo está implicado o que podemos chamar o silêncio da visão: abrimo-nos à experiência do olhar no momento em que o objeto nos impede de ver. Uma obra de arte não nos deixa ver. Ela nos faz pensar. Então, olhamos para ela e vemos.





Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Viagens

Danuza Leão


Jornalista e escritora
Adoro ler, e leio qualquer coisa que chegue às minhas mãos, de bula de remédio a dicionário, é uma mania. Mesmo na infância, não brincava de boneca nem de casinha, mas devorava revistas em quadrinhos e livros. Só queria ficar no quarto lendo, lendo, lendo..
Suas leituras nunca seguiram um critério, conforme esclarece:
Se um amigo que me conhece bem indica um livro, vou lá e compro, e se encontrar um largado num avião também leio inteiro. E não me guio muito pela lista dos mais vendidos. Sou uma anarquista mental. Tudo que aprendi foi vivendo, e acho que tive uma vida muito rica. Aos 16 anos, meus amigos de todo dia eram Di Cavalcanti, Vinicius de Moraes e Rubem Braga. Foi através do convívio com pessoas excepcionais como eles que aprendi as coisas. Não saberia explicar os livros que li e a razão pela qual alguns me impressionaram mais. Que me desculpem os literatos, mas para mim ou um livro é bom ou não [...].
Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura em 2004.




O início


Como a Danuza Leão comenta no texto acima, sou do tipo que lê de tudo. De bula de remédio ao modo de usar de produtos de limpeza.... Essa grande viagem teve início lá na minha infância quando via minha mãe sempre lendo. Com ela aprendi a ler gibis, fotonovelas e evolui para os livros. Lembro-me de como ela comentava sobre os livros que estava lendo e como falava deles como se fossem seus amigos íntimos. Comentou com muito carinho sobre "As sandálias do pescador" e do "Velho e o mar". Nunca esquecerei. Mas, naquele tempo, comprar livros não era prioridade nas famílias e os livros que ela lia sempre eram emprestados ou trocados com suas amigas. Livro era raridade.... Lá pela 5ª. ou 6ª. série uma amiga me disse que seu pai iria jogar vários livros fora e me perguntou se eu não os queria. Claro que eu quis, afinal dali para frente eles seriam 'meus livros'. Desse dia em diante, ficava na calçadinha embaixo da janela lendo em voz alta, para mim mesma sobre leninismo, marxismo e os benefícios do comunismo. Estávamos em plena ditadura militar e eu nem sabia (sorte que os militares também não sabiam da minha existência). Lá pelos quatorze ou quinze anos uma vizinha me pediu para ajudar sua filhinha a estudar (antiga forma de reforço escolar) e como ela gostava de ler sempre me emprestava um livro. Desta maneira conheci "Mulheres apaixonadas" de D. H. Lawrence. Tentei por diversas vezes mas o livro não me conquistava. Era muito cheio de detalhes, que hoje sei serem realistas mas que na época não fazia a menor ideia do que tratava.Depois de muita briga entre mim e o autor ele me venceu: li o livro para provar a mim mesma de que era capaz. Da história não lembro nada mas a personagem principal "Gudrun" nunca mais foi esquecida. Vieram muitos outros amigos: As aventuras de Tom Sawyer; As aventuras de Huckberry Finn; romances, ficção, drama, aventura, poemas, poesias obras perfeitas; perfeitas bobagens, etc. Um dia conversando com minha filha, resolvemos criar uma lista para anotarmos o que já lemos: muitos livros e espero que isso continue por muito tempo. Mas não posso deixar de falar que um dos livros mais lindos que li me foi apresentado por uma aluna há alguns anos atrás: "A menina que roubava livros". Já li muita coisa, já me emocionei, já me indignei mas ler este livro em particular foi um encontro com um sentimento marcante: a falta de alguma coisa que eu não sei o que é, mas que está lá em algum lugar, palpável, esperando por mim....